
O que é
EMDR?
A sigla EMDR significa "Eye Movement Desensitization and Reprocessing", ou Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares.
Terapia EMDR vs. Psicoterapia Tradicional: Entendendo a Diferença
A psicoterapia tradicional é como uma conversa com um amigo de confiança. Os clientes discutem seus pensamentos, sentimentos e experiências com um terapeuta treinado. A terapia EMDR adota uma abordagem única, com pouca fala e muito processamento interno, tendo como alvo memórias traumáticas específicas ou experiências angustiantes.
Na psicoterapia tradicional, os clientes exploram seus pensamentos e emoções por meio de conversas. A terapia EMDR utiliza movimentos oculares guiados ou outras formas de estimulação bilateral para ajudar a processar e reduzir o impacto emocional de memórias angustiantes.
A psicoterapia tradicional pode levar várias sessões para alcançar grandes avanços. Ela oferece uma exploração mais profunda de pensamentos e emoções. A terapia EMDR costuma ser mais focada e pode alcançar resultados em menos tempo. Ela ajuda a dessensibilizar e reprocessar memórias traumáticas de forma eficiente.
Em última análise, a escolha entre a terapia EMDR e a psicoterapia tradicional depende de suas necessidades específicas. Ambas as terapias visam promover a cura e o bem-estar. Encontre o caminho que melhor se adapta a você em sua jornada rumo à cura e crescimento. Considerando os 3 andares do cérebro do aluno de inglês, explicado na próxima seção, o EMDR é extremamente bem recomendado.

Você sabia que o cérebro tem 3 andares?
No primeiro andar, há o cérebro reptiliano, responsável pela sobrevivência do corpo.
No segundo andar, há o cérebro mamífero, responsável pelas emoções e memória. O segundo andar não tem muito controle sobre o primeiro andar. Por exemplo, quando você está feliz e apaixonado, não consegue impedir que o coração dispare.
No terceiro andar, há o cérebro racional, responsável pela lógica e linguagem. O terceiro andar não tem muito controle sobre os outros dois andares. Por exemplo, quando você fala para alguém não ficar nervoso, não consegue impedir que a pessoa fique nervosa ou que o coração dispare.
Por isso, ao lidar com dificuldades no segundo andar, onde estão experiências traumáticas e fortes emoções como vergonha, medo, estresse e raiva, ou com dificuldades no primeiro andar, onde estão sensações corporais como coração acelerado, dor no estômago, falta de ar e dores musculares, muitas vezes não adianta apenas conversar com a pessoa. A Terapia EMDR vai muito além da conversa. Ela alcança os três andares, provomendo uma cura mais rápida e mais completa.
Assista aos vídeos
COMO FUNCIONA?
A Terapia EMDR não é só movimentos oculares. Ela é uma abordagem psicoterapêutica que compreende princípios, procedimentos e protocolos.

FASE 1: QUEIXA E HISTÓRICO
Iniciamos com a queixa que o paciente traz, com o problema que ele quer resolver, como vergonha para falar inglês. Vamos explorar seu passado em busca de lembranças que possam ser a origem desta dificuldade (quando começou, quando foi a pior lembrança relacionada a isso). Também vamos investigar os "disparadores no presente", que são aquelas situações atuais quando ele encontra dificuldade (no trabalho, na escola, etc) e vamos projetar qual o comportamento ideal no futuro a respeito desta queixa.

FASE 2: PREPARAÇÃO E INSTALAÇÃO DE RECURSOS
Fazemos uma preparação para iniciar o reprocessamento, explicando como isso será feito e procurando estabilizar o paciente emocionalmente. Também ensinamos estratégias (recursos) para ele saber se estabilizar sozinho quando necessário.

FASE 3: AVALIAÇÃO
Aqui vamos pedir o ICES: Imagem, Crença, Emoção e Sensação. Vamos escolher uma Imagem que represente a pior cena do alvo escolhido para ser trabalhado (ex, quando apresentou um trabalho na 5ª série), qual a Crença negativa que a pessoa tem a respeito de si (ex, sou incapaz), qual a Emoção que essa lembrança provoca agora (ex, vergonha) e onde está a Sensação corporal (ex, no peito). Também é pedido um número de 0 a 10 que represente o nível de perturbação atual (escala SUDS), usado para acompanhar o progresso do processo.
O ICES permite que resgatamos da memória de longo prazo (inconsciente) esses componentes da rede neural associada à queixa, colocando-os na memória de curto prazo (memória de trabalho) para serem trabalhados.

FASE 4: DESSENSIBILIZAÇÃO
Com o ICES em mente, começamos a fazer os Estímulos Bilaterais, que podem ser por movimentos oculares, tátil ou auditivo. A partir daí começam as conexões com outras redes de memórias e o cérebro vai organizando, dessensibilizando, reprocessando e ressignificando essas memórias. A cada série curta de movimentos (15-90 segundos), é feito uma pausa para breve relato do paciente. O objetivo é que essas lembranças deixem de ativar reações emocionais e comportamentais disfuncionais no presente, diminuindo ou eliminando o sofrimento e prejuízo na vida atual, e reduzindo o nível de perturbação a zero.

FASE 5: INSTALAÇÃO DA CRENÇA POSITIVA
Com a crença negativa (ex, sou incapaz) reduzida à pertubação zero, instalamos uma nova crença, mais positiva, para substituí-la (ex, sou capaz). Usamos um número de 1 a 7 (escala VOC) para acompanhar a validade da nova crença.

FASE 6: ESCANEAMENTO CORPORAL
A checagem corporal serve para trabalhar qualquer resíduo de perturbação em nível físico, como alguma manifestação no corpo que ainda incomode.

FASE 7: ENCERRAMENTO
Para encerrar a sessão, estabilizamos o paciente e refletimos sobre a sessão. Nem sempre é possível diminuir o nível de perturbação atual para zero em apenas uma sessão, considerando-se como uma sessão incompleta que pode continuar na sessão seguinte.

FASE 8: REAVALIAÇÃO
Na sessão seguinte, é feita uma reavaliação do alvo tratado na sessão anterior. Se necessário, voltamos à Fase 3 e continuamos o trabalho.
É importante trabalhar o presente, o passado e o futuro. Sempre buscamos começar tudo isso pelo passado, depois trabalhamos os disparadores no presente e por fim, fazemos uma projeção para o futuro buscando um comportamento mais assertivo e adequado.
Por trabalhar com o reprocessamento que se dá em nível cerebral e não através da cura pela fala (como na maioria das terapias), o tempo da Terapia EMDR pode ser bem menor que as outras abordagens e os resultados mais profundos e eficazes.
Modelo Teórico: Processamento Adaptativo de Informações

Toda abordagem da psicologia tem um modelo teórico. O modelo teórico do EMDR se chama Processamento Adaptativo de Informação (Modelo PAI).
O EMDR parte do princípio que nosso cérebro tem um sistema de processamento de informação que é naturalmente estruturado visando à saúde, assim como outros sistemas corporais (ex, sistema imunlógico que fecha e sara uma ferida).
Quando uma experiência é processada com sucesso, seja ela positiva ou negativa, ela é armazenada de forma adaptativa, integrando-se com outras experiências semelhantes do próprio indivíduo.
Porém, quando existe um estado elevado de perturbação, decorrente de experiências adversas de vida, esse sistema de processamento de informações não funciona direito, deixando as memórias mal processadas, armazenadas de forma mal adaptativa e inadequada.
O EMDR resgata os arquivos de memórias mal processadas e permite que, com mais calma, na segurança do consultório, com a presença do terapeuta, com mais maturidade e experiência de vida, você possa reprocessar as experiências perturbadoras e, finalmente, salva-las de forma adaptativa.

Traumas e Bloqueios
As experiências traumáticas e as necessidades interpessoais, persistentemente negligenciadas durante períodos cruciais do desenvolvimento, podem produzir bloqueios na capacidade do sistema de processamento da informação de resolver eventos traumáticos perturbadores.
Estímulos ou informações de situações presentes se conectam (inconscientemente) com experiências no passado, fazendo disparar uma reação no presente como se fosse a mesma experiência do passado.
No decorrer da Terapia EMDR, quando o reprocessamento é bem-sucedido, as memórias até então perturbadoras são neutralizadas e efetivamente integradas a outras experiências similares.
O que for útil é armazenado, ficando disponível para ser aproveitado em experiências futuras. Por outro lado, o que não for mais adaptativo é descartado.

Indicações
Doenças e problemas pesquisados em populações que foram tratadas com a terapia EMDR de forma bem sucedida:
Fobias (DE JONGH et al., 2002).
Transtorno de pânico (FERNANDEZ & FARETTA, 2017).
Transtorno de ansiedade generalizada (GAUVREAU & BOUCHARD, 2008).
Depressão (HOFFMAN, 2015).
Transtorno de Apego (ZACCAGNINO & CUSSINO, 2013).
Problemas de conduta e autoestima (SOBERMAN et al., 2002).
Dor e luto (SPRANG, 2001; SOLOMON & RANDO, 2007).
Distúrbio dismórfico de corpo (BROWN et al., 1997).
Disfunção sexual (WERNIK, 1993).
Pedofilia (RICCI et al., 2006).
Transtornos psicóticos (VAN DEN BERG et al., 2015).
Dor crônica (GRANT & THRELFO, 2002).
Enxaquecas (MARCUS, 2008).
Dor do membro fantasma (DE ROSS et al., 2010; SCHNEIDER et al., 2008).
Sintomas físicos inexplicáveis pela medicina (VAN ROOD & DE ROOS, 2009).